domingo, 28 de setembro de 2008

Sabotagem

Ontem quase acaba de vez, e sinto, não está muito distante disto acontecer. Não por eu querer; não por ele querer, mas porque não está legal. Está ruim pra ele; está pior pra mim. E eu sei que, 99%, por minha culpa!
Eu passo quase o tempo todo fingindo. E quando estou com ele, a última coisa que eu quero é fingir. Fingir que estou bem. Se me aninho a ele, eu choro, então fico cheia de não me toques, cara feia, fora as "patadas" (como ele mesmo disse) que eu dou e nem sinto. Faço força pra não chorar e como. Porque como diria Frejat: "quando você ficar triste, que seja por um dia, e não o ano inteiro". E não tenho conseguido cumprir este dito em 2008.

domingo, 21 de setembro de 2008

Falando de Morte (na prática)

14 de setembro. um telefonema à noite. um frio na espinha. um taquicardia. uma aflição. uma correria. ligações e mais ligações. uma ida à central de velórios. olhares aflitos. abraços. uma escolha de caixão. mais ligações. uma escolha de coroa. uma discussão de preços e formas de pagamento. primeiro olhar no caixão. um não cair a ficha. um velório. uma nebulização. um choro. uma madrugada. um início de manhã. um olhar de novo no caixão. um não saber o que fazer. mais abraços. rostos conhecidos. rostos desconhecidos. algumas surpresas. várias orações. várias promessas. várias lágrimas. uma última olhada no caixão, uma ida ao cemitério, uma volta pra casa, muitas estranhezas dentro de mim...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Questões Éticas...

Em tempos de discussão sobre aborto de feto anencéfalo (http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/2008/09/04/ult4477u970.jhtm). Me pergunto: será mesmo ético prolongar o sofrimento alheio? Humanitário? Onde começa e onde termina a vida? O que seria vida digna?

Aborto, eutanásia e outras N questões envolvem filosofia, religião, ciência, direito... Mas, acima de tudo, envolvem seres humanos e sofrimento.

Do ponto de vista religioso, a vida é sagrada e não pode ser retirada em nenhuma hipótese e o sofrimento seria uma forma de purificação do ser humano.
O médico é treinado para salvar vidas. A medicina evoluiu.
Mas não há limites? Seria, este apego ilimitado pela vida, sadio?

Quando um bebê nasce anencéfalo (sem atividade cerebral); quando um paciente sofre de um mal incurável, não tendo, ambos, expectativas de uma vida longa e saudável, esgotar todas as alternativas médicas seria uma atitude humanitária? E a dignidade da pessoa humana onde fica?


É certo que antes não tínhamos à disposição a tecnologia que diagnostica a atividade cerebral do indivíduo, que mantém a atividade respiratória de um enfermo e muitas oportunidades se abriram diante de tais descobertas. Contudo, não estariam estes meios sendo utilizados de maneira contraproducente?
A medicina evoluiu para salvar vidas ou para prolongar sofrimentos?

E, realmente, cabe aos Ministros do STF, aos médicos, aos padres, ..., disporem de tais decisões?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um Dia a Casa Cai!



Segunda-feira passada acordei na hora habitual deste último mês, umas 14 ou 15 hs... Espera, não estou sendo dorminhoca, não. Apenas passo as madrugadas acordada em um hospital e só vejo minha cama às 8 da manhã.
Pois bem, acordei e encontrei a secretária que trabalha na minha casa esbaforida, pois há pouco tempo, no andar de cima, onde fica o quarto da minha irmã, ouviu-se um pipoco, chega ela e me diz: - O chão tá afundando, minha filha. O piso do quarto inteiro soltou do chão. Vamos sair daqui que a casa está caindo...
Fui verificar e o piso estava realmente solto e, em alguns pontos, quebrado, não era o quarto inteiro como ela comentou (aumentou!), mas uma parte considerável.
Depois do ocorrido, várias teses foram levantadas...mau olhado, macumba, trabalho feito... - Vamos chamar alguém pra benzer a casa!, falou-se.

Um dia depois, um mestre de obras veio olhar a casa, e, segundo ele, o problema era só com o piso, o chão parece estar firme. Bem, dos males o menor, né?! Mas ainda assim mais prejuízo.

Meu Deus do céu! Era só o que faltava, a casa cair literalmente!

Para os ouvidos: Tatuí - 3 Na Massa

sábado, 30 de agosto de 2008

A Última Grande Lição



Neste período já que estou em grande ociosidade, tenho me dedicado a um dos meus maiores prazeres que é a leitura. O objetivo era ler um livro por mês, mas tenho lido um livro a cada semana nas madrugadas que ando virando no hospital e o atual intitula-se “A Última Grande Lição” de Mitch Albom.

O engraçado é que este livro estava há muito tempo na estante da minha casa, há anos, e nunca me interessei em ler, não sei dizer o motivo. Mas achei que este seria um bom momento pra receber “A Última Grande Lição”. Logo na orelha do livro, deparei-me com o seguinte: “Talvez tenha sido um avô, talvez um professor ou um amigo da família. Uma pessoa mais velha, paciente e sábia, que se interessou por nós e nos compreendeu, quando éramos jovens, inquietos e inseguros. Uma pessoa que nos fez olhar o mundo de uma perspectiva diferente e nos ajudou com seus conselhos e seu afeto a encontrar nossos caminhos.”

Será que todo mundo tem mesmo o privilégio de encontrar alguém assim no auge de sua inquietude? Esta indagação despertou em mim uma carência que me acompanha: não ter conhecido os meus avôs, e não ter em minhas avós figuras acolhedoras. Com minha vó paterna não tive muito contato, a via uma vez por ano. Já a minha vó materna, apesar de ser uma figura mais próxima, sempre foi meio inatingível, representava muito mais a imagem de matriarca da família do que a de avó que prepara os quitutes para os netinhos (ela não cozinhava), que os pega no colo e os estraga, fazendo todas suas vontades. Talvez a figura mais próxima de avó, daquelas que vemos na ficção, que eu conheci foi uma tia-avó, minha vovó Virgínia, mas a ela, possivelmente, eu dedique outro post.

Sempre desejei conhecer os meus avôs que faleceram quando eu ainda era muito nova ou muito antes de eu nascer, idealizando-os como figuras amorosas e sábias, principalmente o materno, tendo em vista que minha mãe ainda se emociona ao falar nele, aos olhos dela ele me parece muito afetuoso. E foi pensando nisso que eu conclui que, certamente, os meus filhos também não irão conhecer o avô materno. E eu que sempre imaginei o meu pai como o avô mais babão possível, falando asneiras e os fazendo rir, vou ter uma difícil tarefa ao tentar fazer os meus filhos vivenciá-lo um pouco através das minhas palavras. Missão impossível!

Em tempo: estou quase acabando o livro, ele é muito bom e deve gerar outros posts.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Páginas em Branco...

Eu não sei escrever bonito, criar crônicas interessantes, divertidas, contemplativas... Fico tateando os blogs alheios, invejando suas histórias interessantes, seus textos divertidos, sábios... Já perdi a conta, de quantas vezes, parei diante da tela pensando no que escrever, como escrever, pra que escrever...

Este blog é só pra mim? Alguém lê isso aqui? Eu quero que alguém leia isso aqui?

Sei que penso muito em escrever, talvez como uma forma de terapia, talvez para externar tudo aquilo que preciso calar e, talvez, por isso mesmo, esta tela tenha ficado em branco... porque eu prefiro calar. Mas isso não faz com que eu pare de pensar a respeito.

Não canso de ver histórias de superação, de pessoas com os problemas mais inimagináveis darem a volta por cima, afinal, problemas todo mundo tem, uns mais, outros menos, variando conforme a época da vida. Aliás, ouço o tempo todo, não há mal que dure pra sempre, isso é uma fase, vai passar... Gosto de acreditar nisso, preciso acreditar...

E ao pensar nessas mesmas pessoas que se superaram, concluo que muito se fala sobre o início do mal, e sobre a superação, pra citar um caso bem recente, Maurren Maggi, por exemplo, lembramos dela chorando ao ser punida no caso de dopping e nos alegramos ao vivenciarmos a sua vitória nas Olimpíadas de Pequim, mas nos esquecemos do trajeto, da caminhada, do durante, afinal, passaram-se cinco anos. Nós esquecemos, ela, certamente, não. E é disso que eu sinto falta, do dia-a-dia, de conhecer o trajeto, o que se passou na cabeça dela ao longo desses cinco anos. Cinco anos não são cinco dias. Como lidar com os momentos da vida que insistem em passar como páginas em branco?

Porém, isso não deve ser muito interessante, quem quer saber das angústias, inquietações que certamente devem fazer parte desse período, quem mais se interessa por isso além de mim?! Eu que estou, justamente, nesta fase?! Eu que estou buscando inspiração?! Eu que estou pelo caminho?! Mas quem além de mim se interessaria? Outro sem número de pessoas que também estão pelo caminho? Ou talvez não, certamente estas pessoas lidam melhor com as adversidades do que eu... E quem quer ouvir (ler) alguém se queixando o tempo todo? Será que eu quero mesmo colocar em tela experiências e pensamentos tão pessoais?!

Sei que gostaria de preencher este espaço com idéias positivas, pensamentos alegres... Quero muito ter uma atitude positiva. Como tornar isto realidade, quando a minha vida se resume a um quarto de hospital sem previsão de alta?

Em tempo: este texto foi escrito em um quarto de hospital ao som dos balbúcios, tosses e queixas do meu pai.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Oração da Serenidade

Deus, conceda-me serenidade
para aceitar as coisas
que não posso modificar,
coragem para modificar
aquelas que posso,
e sabedoria para reconhecer
a diferença entre uma e outra.